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Malhadores de Judas expõem suas demandas em audição para segmentos da cultura popular de Belém

Lideranças culturais que atuam na malhação de Judas participaram da primeira audição, realizada pela Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), na tarde desta segunda-feira, 27, no auditório Acyr Castro, do Museu Francisco Bolonha, em Nazaré.

As audições foram planejadas para ouvir cada um dos vários segmentos culturais, saber suas necessidades primárias, com a finalidade da gestão municipal viabilizar suporte às atividades que eles desenvolvem. 

A presidenta da Fumbel, Inês Silveira, afirmou que na atual gestão municipal a cultura tem total importância e é preciso ter um olhar mais precioso à população e aos fazedores e fazedoras de cultura.

‘‘As audições iniciam hoje e nós imaginamos que até o meio de abril já teremos feito o levantamento de todos os segmentos e ouvido cada um e cada uma que faz cultura nesta cidade. Na nossa reunião com os malhadores de Judas, presenciamos entidades com 60 anos de existência e jamais daremos um tratamento irrelevante a uma cultura popular de tanto tempo de existência’’, ressalta Inês.

Costume secular

A malhação ou queimação de Judas é um costume trazido pelos portugueses e espanhóis para toda a América Latina, desde os primeiros séculos da colonização europeia. Para alguns pesquisadores, seria um resíduo folclórico transfigurado das perseguições aos judeus, que se desencadeou na Idade Média, na época da Inquisição. 
 
Para outros, o Judas queimado seria uma personalização das forças do mal, vestígio de cultos para obter bons resultados, no início e no fim das colheitas, realizadas em várias partes do mundo. Há ainda alguns historiadores que afirmam ser o costume remanescente da festa pagã dos romanos.
 
A brincadeira ocorre na Semana Santa, especificamente no sábado de Aleluia, e seria uma maneira de a comunidade se vingar da traição de Judas. O Judas representa o personagem bíblico, Judas Iscariotes, que traiu Jesus Cristo com um beijo por 30 moedas. Consumada a traição, arrependeu-se, tentou restituir o dinheiro, mas, repelido pelos sacerdotes, enforcou-se numa corda.

Antes de o boneco morrer enforcado como o traidor, ele é xingado e espancado. O “Judas” das ruas ganha, por vezes, o rosto de algum político ou pessoa pública antipatizada pela população.

Tradição em Belém

A DJ Gadá, uma das organizadoras da malhação de Judas no bairro do Jurunas, disse que é preciso dar as mãos para que a tradição continue ganhando as ruas de Belém.

‘‘Temos um compromisso com a comunidade e por isso é preciso darmos as mãos para que essa tradição secular continue se fortalecendo na nossa cidade. Por causa da pandemia, ficamos dois anos sem malharmos Judas e ano passado pudemos fazer. No Jurunas já é tradição’’, disse Gadá.

União

Aluísio Freitas, de Canudos, também reforçou a importância da parceria com a Prefeitura de Belém. ‘‘A gente sabe que precisa muito dessa estrutura que a Prefeitura, por meio da Fumbel, nos oferece. A gente espera trabalhar dentro da proposta da Fundação, porque temos que estar juntos. Apoio a proposta de estarmos de mãos dadas e fortalecer esse circuito cultural’’, assegurou Aluísio.

‘‘É em nome da resistência que nós estamos ouvindo cada um e cada uma de vocês, hoje, aqui nessa audição. Resistir é a principal marca de quem faz a cultura com amor, com afeto, olhando o outro dentro das suas especificações e das suas linhas de condução, no sentido de dar vida àquilo que move a gente, que é a nossa cultura’’, concluiu Inês Silveira.

Texto:

Michel Jorge

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