Com o apoio da Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) iniciou, nesta quarta-feira, 20, na Sala Vicente Salles no Memorial dos Povos, a primeira reunião com as Tacacazeiras do Pará, para dar início aos estudos que ajudarão no registro do Ofício de Tacacazeira como patrimônio cultural do Brasil.
Em parceria com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Sociedades Amazônicas, Cultura e Ambiente (Sacaca) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a reunião faz parte da etapa da pesquisa, que se estende aos estados do Acre, Amapá, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins para instruir o processo de registro que trará mais oportunidades para as fazedoras de tacacá da Região Norte.
Regionalidade
“Hoje, o tacacá está sendo cantado mundialmente pela cantora Joelma, que representa a importância do tacacá para a nossa regionalidade e cultura paraense. Nós ampliamos essa pesquisa para o Norte, porque precisamos mostrar a importância nacional do ofício de fazer o tacacá. O Brasil precisa conhecer o Norte, precisa conhecer o Pará, e o Tacacá é um cartão-postal gastronômico de Belém”, ressalta a superintendente do Iphan-PA, Cristina Vasconcelos.
Pesquisa
Nesta etapa inicial, serão realizados encontros para a produção de materiais que auxiliem na criação do dossiê para as fases necessárias do registro. A Sacaca está sendo a responsável pela organização das reuniões que ocorrerão por algumas cidades do Norte. “Estamos na fase do processo de instrução, onde estão sendo feitas pesquisas e serão produzidos vídeos-documentários e fotos. Esse momento é o ideal para ouvirmos as tacacazeiras e compreendermos a realidade do ofício em nossa região”, afirma a coordenadora do Sacac, Luciana Carvalho.
Conhecimento científico
Os encontros realizados possuem o objetivo de fornecer conhecimentos científicos atualizados sobre esse ofício, a partir de pesquisas bibliográficas, documentais e etnográficas e da produção de documentação adequada em diferentes localidades da Região Norte. Segundo a analista do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan de Brasília, Kátia Michelan, o material é necessário para realizar o registro do conhecimento no Livro de Saberes.
“A nossa pesquisa serve para atender muitas questões: Quem são as pessoas que fazem o tacacá? O que deve ser feito para melhorar e preservar esse ofício? Quando o Brasil olha pro Pará, eles logo pensam no tacacá. Assim como o carimbó, o tacacá é mais centralizado em Belém. Então, precisamos mostrar ao mundo a nossa identidade e registrá-la para que as instituições estatais possam garantir a preservação do patrimônio cultural”, declara Kátia Michelan.
Tacacazeiras de Belém
Além disso, a reunião permitiu que as tacacazeiras de Belém contassem suas dificuldades e vivências ao exercer o ofício na capital paraense. “Esse encontro foi muito importante pra gente, porque, além de trazermos nossas demandas, pudemos entender os benefícios que teremos com o registro do nosso trabalho. Através dele, nossa profissão terá mais apoio e poderemos trabalhar com segurança e tudo dentro da lei. Pra gente tá sendo um momento histórico”, conta Márcia Helena, tacacazeira de Belém.
Ao todo, o Iphan possui 53 bens registrados no Brasil. Para se tornar um patrimônio cultural e imaterial, o modo de se fazer o tacacá se enquadra, e se justifica, por ser um ofício tradicional e prioritariamente feminino, ser um saber técnico relacionado às matérias-primas provenientes de ecossistemas amazônicos e por ser uma comida de rua ligada à memória da cidade.
A pesquisa realizada permitirá que o Iphan avalie a profissão como um bem imaterial, promovendo o reconhecimento da importância desses bens e sua valorização em parceria com entidades públicas e privadas.
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